quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O que é um santo

Os homens e as mulheres que a Igreja Católica chama de “santos” são milhares, mais de vinte e sete mil, como afirma René Fullop Muller, em seu livro “Os Santos que abalaram o mundo”. São de todas as condições de vida, raças, cores, culturas, países, etc. Porém, uma coisa é comum a todos: eles foram heroicamente bons; basta analisar a vida deles. 
A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contato resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam d’Ele. 


No céu todos os bem-aventurados estão intimamente unidos a Deus pela visão imediata d’Ele. Isso é chamado de “visão beatífica”. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita. Aqui na terra os homens são unidos a Deus por meio da graça divina. Essa graça é um dom, livremente dado por Ele, por meio do qual nos tornamos “participantes da natureza divina”, como São Pedro afirma (cf. 2 Pd 1, 4). Quanto mais graça um homem tem, tanto mais semelhante a Deus se torna. 
Um santo canonizado foi alguém que na terra praticou a bondade heróica em todas as suas ações. Um homem ou uma mulher não é canonizado por ter uma só virtude. Não é suficiente que ele não tenha faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta num santo. Um santo tem um controle perfeito de todas as virtudes. O santo não faz da sua vida espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois as desenvolve até um grau extraordinário. São Vicente de Paulo costumava dizer que “um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias”. 
Os seres humanos chegam à santidade travando uma árdua batalha com eles mesmos, com a carne e com o demônio. Partem do triste estado da nossa fraqueza comum, porém, antes de morrerem, atingem a santidade pela graça de Deus. E isso é possível a todos os batizados. Muitos santos não foram tão santos antes de se colocarem nesse caminho. Santo Agostinho assombrou o mundo pela sua “Confissão”, obra que fala como ele fora na sua mocidade, um moço desajuizado que viveu as suas farras na África e na Europa até se converter. Era amasiado e tinha um filho (Adeodato) antes de se converter aos 33 anos. 
Um santo vence a fraqueza. Por isso, a Igreja Católica não hesita em examinar no processo de beatificação minuciosamente tudo o que um santo fez. Santo Tomás de Aquino nasceu aristocrata e se tornou professor numa universidade. A sua característica era a simplicidade e a humildade em investigar a verdade como um dos mais profundos intelectuais de todos os tempos. Era santo. Em cada santo encontramos uma singularidade. 
Os santos não foram pessoas raras e especiais que viveram numa só terra ou numa só época particular. Pertencem a todas as épocas e a todas as nacionalidades. São Policarpo, natural da Ásia Menor, viveu no século II; já São Pio X foi um italiano e um Papa do século XX. E os quatro homens que são chamados os Padres do Ocidente, a saber: Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio e São Gregório Magno, eram respectivamente da África do Norte, da antiga Iugoslávia e da Itália, e viveram entre os séculos quarto e sexto. Santa Francisca Cabrini era uma freira italiana que fundou hospitais em Nova York e em Chicago. Houve mártires em Nagassaki, no Japão, e padres na Rússia, que foram declarados santos pela Igreja Católica. 
O que talvez seja mais surpreendente é a enorme variedade de personalidades entre esses santos. Eram reis e rainhas; sapateiros e agricultores; sacerdotes, bispos, freiras; soldados; juristas; professores; donas-de-casa e mulheres profissionais, que se elevaram às alturas da santidade. Nenhuma classe tem o monopólio da santidade, embora talvez bispos e religiosos, por força da sua profissão, tenham mais freqüentemente chegado à santidade. 




por Felipe Aquino

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Basta-te minha graça

Fernanda Moreno 
Caro leitor gostaria de iniciar esse artigo orando com a letra da seguinte música: “O amor me faz compreender que me basta o que vem de meu Deus, a graça que me sustenta vem do Espírito de Deus”. O que fazer quando não conseguimos mais? Como reagir diante dos fracassados propósitos que fazemos para mudar, amar, sermos santos, fiéis a Deus, a vocação, ao nosso estado de vida, oração, família, profissão... É desanimador ver que as forças, desejos, motivações e intenções tão firmes de outrora falham e que caímos inúmeras vezes nas mesmas imperfeições e pecados que dávamos até por vencidos. O que será de nós? O que será de mim? Como disse o Senhor a Paulo: “Basta-te minha graça”. Deus é quem dá a Palavra. Jesus é o grande Rei, o Pastor, o Salvador e o Pai colocou tudo em suas mãos. A graça que recebemos não é em vão! 

Lembremos do caminho dos discípulos de Emaús, a sua desilusão, o vazio interior, acreditaram no seu Mestre e de repente viram tudo aparentemente acabado durante aqueles três dias. O profeta que ia liberar Israel havia morrido. Como não estavam aqueles corações? O deserto interior que viviam, como não deviam estar sem chão. Os discípulos sem o Mestre. Ovelhas sem pastor. Mas muitas vezes em nossa vida espiritual passamos e vamos passar por isso. Porque esse caminho no qual precisaremos lembrar das promessas de Deus para não desfalecermos. Algumas vezes Jesus precisará prosseguir um pouco (Lc 24, 28) para que do nosso coração brote a linda, profunda e por vezes dolorosa frase: “Fica conosco Senhor, porque a tarde está caindo e o dia já começa a declinar.” (24,29) Fica comigo Senhor, porque sem a tua graça nada posso, nem levanto, nem me deito, nem respiro. As quedas já são certas pela nossa pobre condição, porém muito mais certa é a mão do Senhor para nos socorrer, pois a mão de Deus não é curta para nos salvar. Sempre, sempre temos uma chance! Esquecemos facilmente que Deus está conosco e não deixa que as trevas apaguem a caridade em nós. Quanto mais dependentes de Seu amor mais felizes, porque ninguém melhor do que o Senhor para cuidar de nós. Quantas vezes não sabemos como fazer, não entendemos, mas o Senhor sabe tudo. A Sua misericórdia é penetrante, o seu amor é uma potência capaz de renovar, ressuscitar tudo o que está morto em nós. A cada dia tantos homem tenta aniquilar Deus, no hedonismo e na superficialidade das coisas, mas a realidade é: o amor nobre do Senhor nunca falha. Ao contrário do que muitos pensam os mandamentos longe de escravizar e matar nos fazem viver porque “a glória de Deus é o homem vivo.” (Santo Irineu). Aproveitemos das nossas quedas para crescer no amor. Ressuscitemos. Sejamos inteligentes em não nos deixarmos esmagar pelo peso dos nossos pecados, sejamos filhos, não escravos. Como filho podemos gritar: “Fica comigo!” Qual o pai que resiste ao pedido humilde de um filho frágil e doente. “Tendo pois um Sumo Sacerdote eminente que atravessou os céus, Jesus, o filho de Deus, permaneçamos firmes na confissão da fé. De fato, nós não temos um Sumo Sacerdote incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas, a nossa semelhança, Ele foi provado em tudo, sem todavia pecar.” (Heb 4, 14-16). Eis o tempo favorável, tempo de amar, de amar na gratuidade, de amar na dor, de amar por amar, de amar e se levantar, de recomeçar, deixando de ser herói mas desejando ser santo. O santo cai e levanta, mas o orgulhoso não porque mesmo caído não admite que caiu. Deixemos que a força de Deus que tudo pode, possa através dessa profunda oração do Pe. Pio tornar o nosso coração dócil a presença amorosa do Senhor em nós. Oração do Santo Pe. Pio após a comunhão Fica comigo, Senhor, porque preciso de tua presença para não te esquecer. Sabes com que facilidade posso abandonar-te. Fica comigo, Senhor, porque sou fraco e preciso de tua presença e tua força, para não cair e pecar tantas vezes. Fica comigo, Senhor, para não cair e pecar tantas vezes. Fica comigo, Senhor, porque és minha luz e sem ti somente vejo escuridão. Fica comigo, Senhor, para me dares a conhecer a tua vontade. Fica comigo, Senhor, para que eu ouça a tua voz e te siga. Fica comigo Senhor, pois desejo amar-te muito e estarei sempre em tua companhia. Fica comigo, Senhor, porque, embora minha alma seja tão pobre, quero que ela seja um ninho de amor, um lugar em que encontres consolo. Fica comigo, Jesus, esta noite, pois a vida tem muitos perigos. Preciso de ti. Deixa que eu te conheça como teus discípulos fizeram no momento em que partiram o pão, para que a comunhão eucarística seja a luz que dissipa as trevas, a força que me sustenta, a única e maior alegria do meu coração. Fica comigo, Senhor, porque na hora de minha morte quero unir-me a ti, se não pela comunhão, pelo menos pela graça e pelo amor Fica comigo, Senhor, pois é só a ti que procuro, teu Espírito, porque te amo e meu único desejo é amar-te cada vez mais. Quero amar-te com todo o meu coração enquanto estiver na terra e continuar a amar-te com mais perfeição durante toda a eternidade. Amém.

Fonte: comshalom.

domingo, 20 de novembro de 2011

Vencendo a tibieza



Josefa Alves Em alguns períodos da nossa vida, podemos detectar em nós alguns dos sintomas da tibieza: a frieza, a apatia, o desânimo, a insatisfação com Deus e conosco mesmo, a falta de estímulos para a oração diária, e até mesmo a falta de forças para decidir por algo ou desistir de alguma coisa. Se sofremos deste mal, há esperança para nós e o remédio é infalível: precisamos de um novo, belo e santo Pentecostes!É preciso, em primeiro lugar, tomar consciência da nossa condição de necessitados de uma renovação constante do Espírito Santo em nossa vida. O clamor constante e a abertura necessária à ação da graça farão de nós homens e mulheres fervorosos, capacitados pelo Espírito a transbordar no mundo o amor infinito de Deus.


Uma alma tíbia é uma alma morna, fraca, preguiçosa, desanimada e sem fervor. Esta “doença” traz sérias conseqüências, não só à nossa vida espiritual, mas a todas as realidades da nossa existência. Ela é conseqüência do pecado e desenvolve-se com facilidade nas almas que não são muito amigas das renúncias, sacrifícios e orações. Mas pouco adianta dizer, simplesmente, que é preciso aplicar à doença da tibieza o remédio do fervor. Seria como dizer a um doente que o remédio para ele é a saúde, ignorando que este é o seu problema: a falta de saúde.O único remédio contra a tibieza é o Espírito Santo, porque não existe verdadeiro fervor se não for inflamado pelo fogo do Espírito. O pecado endurece o coração e torna a pessoa indiferente a Deus. O Espírito nos aponta as raízes do pecado, fortalece-nos para a batalha, fecunda em nós os seus dons, purifica-nos, aquece e inflama o nosso ser.O Espírito Santo não se contenta em purificar-nos do pecado, mas prolonga a sua ação em nós até nos fazer “fervorosos no Espírito”. Comporta-se em nós como o fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro a expurga, arrancando-lhe com barulho todas as impurezas, depois a inflama progressivamente, até que se torne toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo. Ele, que faz novas todas as coisas, quer fazer fervorosos os homens tíbios.Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza, e se por acaso já nos encontrarmos neste estado, livra-nos dela. É impossível sair da tibieza sem uma intervenção decisiva do Espírito; se tentarmos fazê-lo mergulharemos ainda mais no pecado do orgulho.Olhemos para os apóstolos antes de Pentecostes: eram tíbios, incapazes de vigiar uma hora, discutiam sempre sobre quem seria o maior, ficavam espantados diante de qualquer ameaça. Depois que o Espírito veio sobre eles como línguas de fogo, tornaram-se a imagem viva do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no sacrificar a vida por Cristo.Cirilo de Jerusalém escreve: “Os apóstolos receberam o fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma”, e um escritor medieval escreve: “O Paráclito que, em línguas de fogo, desceu sobre os apóstolos e os discípulos, desce também sobre nós como fogo: para queimar e destruir a culpa, para purificar a natureza, para consolidar e aperfeiçoar a graça, para expulsar a preguiça de nossa tibieza e acender em nós o fervor do seu amor” (Hermann de Runa, Sermões Festivos, 31).

Muitos santos passaram por um longo período de tibieza, mas nenhum deles foi santo sem ter sido encharcado, queimado, transformado pelo poder e ação viva do Espírito Santo.
“Passei nesse mar tempestuoso quase vinte anos, ora caindo ora levantando. Mas levantava-me mal, pois tornava a cair. Tinha tão pouca perfeição que, por assim dizer, nenhuma conta fazia de pecados veniais. Se temia os mortais não era a ponto de me afastar dos perigos. Sei dizer que é uma das vidas mais penosas que se possa imaginar. Nem me alegrava em Deus, nem achava felicidade no mundo. Em meio aos contentamentos mundanos, a lembrança do que devia a Deus me atormentava. Quando estava com Deus, perturbavam-me as afeições do mundo” (Santa Teresa de Jesus, Vida, 8,2).
Quando invocamos o Espírito, clamamos: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”, e ainda: “Aquece o que está frio”. Às vezes este clamor também é frio, porque fria é a nossa esperança. Em Ezequiel 37 temos outra imagem clara de um povo tíbio: “nossos ossos estão secos, nossa esperança está morta”, mas é a poderosa ação do Espírito Santo que faz estes ossos secos retornarem à vida.
Com o auxílio da graça, portanto, é possível sair da tibieza e passarmos da condição de frios e temerosos a fervorosos no Espírito!